1993

Direto de 1993…saindo da estrada de Passos…
de dentro do Corcel vermelho, vejo uma luz ao longe
tempo com cheiro de terra batida, tempo com cheiro de carro batido…
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Não tinha ressaca de manhã, de manhã era hora de chegar, pedir “bença” e ir trabalhar
os Deuses eram amigos, e os amigos era Deuses…
na sinuca, no truco da amizade… onde brigávamos de verdade!
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Pulando de pontes, nadando em enchentes, um bando de pirralhos corajosos
caçando encrenca com os fracos e correndo dos fortes na virada da esquina
ficando com a prima, a prima da prima, e primeira que se via
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Estávamos na roça, no Bar do Lindorfo, na Fonte, no fronte…
Dire Straits na vitrola, cantava qualquer uma, com duas de pinga 10 na cabeça
cantava na noite adentro, sem sair som pela boca….sem estresse e na vida loca
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Já lambia o chão da rua, e o fundo das garrafas
em 1993 gritava pra MulaRir e tomava chá pra não dormir
em 93 eu e meus irmãos bebíamos água enterrada no chão
enterrada por um amigo dos bão
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Não dá pra verbalizar minhas considerações aos meus parceiros de batalha
meus irmãos nessa vida, companheiros de ilusões
já fomos juntos ao Paraíso, com duas rodas num Fusca verde
fomos e voltamos como se fosse um maldito Mercedes.
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De loló, benzina, e linha de trem fomos aos poucos desabando
Na roça, na Igreja, na Fonte…bebemos e entortamos…e o carro estacionamos.
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Todos os momentos foram tão preciosos, que em minha cachola são ouro
de tolo que sou, virei Ouro, mas continuo a viver aqueles momentos
toda vez que abraço meus companheiros de batalha
toda vez que lembro que nossa amizade é aquele nó que não desata
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Que saudade daquela estrada de Passos
e daquelas meninas que na sinuca nos faziam de patos…
que saudade da Prata e das brincadeiras dançantes
o que parecia que era trivial e efêmero
se tornou insistentemente crucial e relevante!
Em 1993.

1993

“Pedaços de mim”

Tudo era muito eu, …no auge de minha insensatez

sem saber no que iria dar, entrei na sala tímido e devagar

era tudo novo, tudo no inicio me fazia afastar

e pouco a pouco fui errando, as vezes muito, como era de se esperar.

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Efemérides nos anos dois mil não nos deixavam piscar

um choro, a distância, a ausência do lar

nem saberíamos o que juntos iríamos suportar

eu e você, nós e eles, e tudo mais que tínhamos que estudar.

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E sem notar fui respirando aquele ar conjunto de nossa amizade

respirando os tumultos, os problemas e as dificuldades

sem pestanejar briguei, esbravejei, discordei… chorei

sem perceber me tornei muitos,… acordei.

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Acorda-se as vezes tão devagar, que fui embora sem te abraçar

meus cachorros, meus jardins, minhas escolhas me afastaram

nossa vida não espera, as vezes o reencontro é uma quimera

mas lembro-me de nossos sonhos, nosso desejo de amar.

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Agora cada um respira seu empenho e seus metais

a vida é rápida, alegria e dor são cotidianas e reais

uns subiram muito, outros desceram ainda mais

uns acham que tem pouco, outros que tem demais.

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Dizem que os sentimentos são únicos

que somos universos insólitos nesse espaço-tempo

que somos indivíduos e individuais

que somos pequenos e banais.

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Talvez placas de bronze serão construídas e idéias fixadas

e por vários milênios serão fortes jargões e sempre amadas

talvez soem as trombetas para filosofias de um homem só

por várias gerações não serão esquecidas nem virarão pó.

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Sim, somos únicos e diferentes, e é isso que podemos ser

e sim amigo, realmente tudo que eu disse é muito clichê

mas pode ter certeza que muito da minha individualidade

foi construída com sua amizade, um pedaço de você.

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Só quero hoje relembrar nossas ideologias e nossos tombos na ladeira

hoje é dia sermos de novo um só e muitos, minha amiga e companheira

…amigo, nosso reencontro é agora, rindo ou chorando de verdade

vamos aproveitar os instantes de felicidade, na altitude intensa dessa cidade!

Pedaços de mim foto

 

Escrito em setembro de 2017 para querida Soraia Bento – Homenagem à Festa de 10 anos da turma Direito – graduada em 2007 na Universidade Federal de Ouro Preto, na cidade de Ouro Preto (MG).

….filosofando sobre minha relação com a Universidade Federal de Ouro Preto, minha República Baviera, e com a minha Turma de Engenharia de Produção, graduada em 2002.

“Ecos da Corrupção”

Soterrado numa lama que perpassa a Vale, no vale de Mariana, estamos todos
afundados de baixo de uma base de concreto feita de dinheiro sujo, e inacabada
presos num presente, num cavalo de graveto, mancando em lentidão sob terras vulcânicas
conduzidos por dementes sádicos e mentirosos, saídos dos círculos de Dante.
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Estamos vivendo ciclos angustiantes, a mercê dos prazeres e desmedidas Planaltinas
zumbizando e fitando telas e telas de ludibriantes histórias e estórias que não nos pertencem
de cabeça baixa, de estima baixa, diante das alturas aurículas dessa mídia de arestas afiadas
direcionados por corporações descompromissadas e empresários narcisistas.
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Mas balbucia ferozmente pelas asas do avião central…
um Monstro de concreto, carne e papelão
corre petróleo salgado em suas veias e gás em seus pulmões
com seus olhos eletrônicos e pensamentos devassos
cheira a milhas os milhões, sempre faminto por tostões
vai devastando como um trem descarrilado eletrizado
vai atrás de seus criadores com cerebrais decisões.
O sistema não o vai segurar, o sistema não vai ter como julgar
ele está em profunda depressão esquizofrênica
não há dinheiro que possa o fazer parar
ele foi deixado esquecido na fila de uma fila qualquer
agora quer cabeças, quer justiça, quer vingar.
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Esta chegando…
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Brados retumbantes ressonam no seco ar do centro tropical
o Monstro voando vem, vem mostrar os sinais da criação do mal
vem vindo libidinoso e impassivo em direção ao seu habitat original
destruidor vem faminto…pra se satisfazer das iguarias da delação
vem sugar Vampiros, comer Lulas, e todos donos incontestes da razão
as pistas são gritos longínquos de dor de barriga dos heróis da opressão
um cheiro horrível de carne política podre lhe dá a direção
ele segue os ecos…, os ecos da corrupção!
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Mas ainda estou vendo…
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Velhacos gordos fechados em suas mansões cheirosas
com peças de diamante e ouro nos tornozelos inchados
vendendo livros e sugestões para novas dinastias políticas
bebendo espumantes deitados no chão de mármore de seus banheiros.

Muito pelo contrário…

Toda conversa esfarrapada,
toda mentira confirmada,
os brados louco do bêbado,
e os gritos surdos do pirata.
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O grande mágico das palavras,
o empresário prostrado na piscina,
o colecionador de álcool,
e aquele que tira fotos de meninas.
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O zero a esquerda que é modelo,
o político esquecido de direita,
o sumido que é gênio,
e o professor que fica na espreita.
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Todos gritos na noite solitária,
todo louco escondido na nudez,
toda mentira que estraga o dia inteiro,
toda conversa cheia de clichês.
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Só na açnerefid que a semente cresce,
Só na aitapme que a amizade floresce,
Quando tudo está ao oiràrtnoc,
só o verdadeiro amor prevalece.

Tendência natural

 

Um momento será representado pelo devaneio do tempo

Nossas peças chaves em uma adaptação heróica, agarraram-se ao próximo degrau

Se achas que nenhuma crença destrói

Não te deparastes com o profundo sentimento animal.

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O sol nascente na alma do vermelho oriente

Converteu sangue quente em bomba numa crença

Construindo currais, erguendo muralhas

Sofisticada ignorância transcendental

Levando em conta que o vírus quer seu espaço

Quem estará certo no julgamento final?

Prosa de 1998.

Sobre Traíras e Traição I

A suposição foi rompida pelo destino

A confiança foi engolida por um monstro curvilíneo

O contrato foi quebrado, queimado e fumado

É Traição!

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Ela vive nas sombras, sempre voraz e briguenta

Ela vive na escuridão, é lisa e escorregadia

Ela é territorialista e gostosa

Ela é a Traíra!

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Trair é comum na pressão do dia a dia…

onde os carentes se espalham

onde impera as fantasias e o novo

onde as expectativas não foram supridas.

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O peixe tem que se alimentar

o peixe tem que se movimentar

a isca tem que se reformular

na água quente a isca tem que nadar.

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As Doze tábuas fazia referencia

mas a ruptura da confiança se tornou banal

ser desleal me cheira a demência

mas a paixão a torna carnal.

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Especulo porque a traíra tem dentes afiados

me pergunto porque a evolução a deixou guerrilheira

se a traíra  é difícil de manipular, e a isca é fácil de manusear

o que esperar? Vida longa à trairagem…

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Não á regras nem limite, não há acordos ou parceria

ha percepções e vontade, onde impera a infidelidade

não há compromisso ou contexto social

há sim o livre arbítrio e a vontade sexual.

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O peixe cobra sacudiu na lagoa…quando a presa sacudiu seu rabo

e carnívoro como uma abutre, mordeu com avidez

essa mordida na carne viva, matou num instalo

dolorosamente sangrando, a presa gemeu pela ultima vez.

anjodemonio

Site imagem: Acidez Mental! – Uol

Mais uma vida

 

Mas o que significa um ouro em sua mão?

O que significa o perfeito apartamento, e o cão?

O que significa sair para comprar o pão na mesma hora, no mesmo lugar?

Então vamos pensar, divagar, devagar….

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…foi num dia qualquer…

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…uma mulher te acordou com o sopro d’um fantasma

E naquela cama já não havia mais nada, e “nada” era somente o que você sabia

Porquê e por quem você mudaria, somente por saber que devia?

Então vamos pensar, divagar, devagar….

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Abruptamente a poesia acabou, e ninguém, como sempre, visualizou…

No fundo havia algo, algo que veio e me mudou

Acho que aquele velho impaciente acordou

Então vamos mudar, divagar, devagar…

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E então o tempo e a distância determinou o destino

Me vi sozinho no canto do quarto, com olhar de menino

Creio que aquelas lágrimas eram as últimas desse enlaço

Então vamos mudar, divagar, devagar…

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Quando a chuva lentamente foi se extinguindo

No horizonte a velha estrela estrelou seu brilho antigo

Sei que ela vai embora, então sorvo esse momento ínfimo

Então vamos recomeçar, divagar, devagar…

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De todas as inconclusões dessa roda viva do amor

De todas as inconsistências mundanas e de minha dor

De todo o drama existencial e todo esse velado rancor

Restará, eu sei, a certeza de que errei tentando acertar

Ficarão, eu sei, as memórias mais leves que se pode resgatar

Sobrará em mim, a vontade de dizer mais uma vez.. sim, e continuar.

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Então vamos recomeçar, divagar, devagar… outra vida!

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Posso estar certo ou errado

Qualquer dia desses eu acordo sóbrio
e vou ter em meu poder a consciência de julgar
Qualquer dia desses eu acordo mais humano
e vou ter em minhas mãos as tabuas da lei.

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Qual é a pergunta mais exata para que descansemos em paz?
Eu faço parte de tudo ou eu sou tudo?

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Qualquer dia desses eu falo sério
aí eu vou começar a viver como todos querem
Qualquer dia desses eu paro de mentir
e vou ter em minhas mãos a benção dos Deuses.

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A verdade é determinada pelo olhar de cada pessoa
O amor é a vontade de viver para sempre
A mentira, dentre outras coisas, é uma saída.

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Posso estar certo ou errado…

certo-ou-errado

Site imagem: comopassaremconcurso.com.br

Eu vejo

Eu vejo o mundo com a felicidade de uma criança ao chegar no parque

Eu vejo o mundo como escuto meu rock and roll e sonho com o sucesso

Eu vejo o mundo como a casa velha onde o pássaro fez seu ninho

Eu vejo um mundo indiferente ao nosso retrocesso.

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Jovens revoltados com as opções que não tiveram

Pais aconselham os filhos e temem o próprio delírio

e o mundo girando para tentar manter-se em equilíbrio.

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Este gigante cheio de energia que está viajando há tanto tempo

é muito mais experiente que todos seus hóspedes

que não passam de passageiros do vento.

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O Sol prende a Terra, que prende a Lua, que me prende

 aprisiono meus sentimentos, que aprisiona a verdade

que prende as sete chaves, a verdade que na verdade sente.

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Eu vejo o mundo com a curiosidade de quem nasce para tentar se encontrar

Eu vejo o mundo como sinto a invencibilidade de um casal apaixonado

Eu vejo o mundo como o grão de areia que um tufão não deixa repousar

Eu vejo um mundo sempre acolhedor, mesmo que tão desrespeitado.

Eu vejo

Site imagem: ultradownloads.com.br

Na toada da evolução…

Tenho no andar o medo, o medo de ser tudo em vão.

Tenho no amor o medo, o medo da solidão.

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Sem querer provoco rimas, afundado no poço inerte das ilusões

me vejo na viajem pelo mar negro, sou eu o sentido das canções

sou com certeza um covarde, quando não luto pelas minhas palavras.

com certeza sou um maluco, quando não extravaso minhas emoções.

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Menina escute o que eu digo, no espaço faz frio e tende à dor

Seus olhos nunca fitaram os astros caindo em chamas?

escute o que eu falo,… no vácuo não existe amor.

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Se o passado é um manual de lições/é hora de tudo se desapegar

se a evolução é a chave/não é hora de pestanejar

se somente existe uma possibilidade menina/não é hora de duvidar

se o existir depende de nos amarmos menina/então é hora de vir e me amar.